Feijoeiro de inverno sob gotejamento subsuperficial no Cerrado Mineiro.


O cultivo do feijoeiro no Brasil é realizado em três épocas distintas: primeira, segunda e terceira safras, semeadas nos períodos de agosto a dezembro, janeiro a abril e maio a julho, respectivamente. O emprego da cultura do feijão na terceira safra, também denominada safra de inverno, surgiu no Brasil na década de 1980, como alternativa ao aproveitamento das áreas propícias à irrigação, gerando aumento da disponibilidade de grãos de qualidade ao mercado e contribuindo para a diminuição da oscilação de preços. Contudo, a safra de inverno no estado de Minas Gerais é caracterizada por baixa ocorrência de chuvas, sendo a demanda hídrica das culturas suprida, em grande parte, por meio da irrigação.


É sabido que a utilização indevida de sistemas de irrigação desencadeia prejuízos econômicos e ambientais, como o desperdício de água e energia, além da lixiviação de nutrientes no solo, gerando menor responsividade da cultura. Especialmente no cultivo do feijoeiro, o déficit hídrico é fator determinante na produtividade, causando florescimento precoce, menor número de flores e vagens e redução do enchimento de grãos. Assim, o uso de sistema de irrigação visa disponibilizar água à cultura na quantidade e momento adequados, com máxima eficiência. Dentre os sistemas de irrigação disponíveis, destaca-se o gotejamento, o qual proporciona aplicação de água próxima ao sistema radicular das plantas, com baixa vazão e alta frequência, com eficiência maximizada pelo sistema subsuperficial.


Diante disso, foi desenvolvido estudo com implantação da cultura do feijoeiro na área experimental com gotejamento subsuperficial na Universidade Federal de Uberlândia Campus Monte Carmelo, fruto da parceria entre a Netafim Brasil, Agrocafé e o Centro de Inteligência em Cultivos Irrigados – CinCi, grupo de estudos da Universidade composto por alunos do curso de Agronomia orientados pelo Prof. Dr. Eusímio Fraga.


O sistema de irrigação é composto por tubosgotejador do modelo DRIPNET, instalados entre 25 e 23 cm de profundidade, com espaçamento de 90 cm entre as linhas laterais. Ao longo do projeto foram realizados todos os manejos pertinentes à cultura em campo, sendo utilizada a cultivar BRS Pérola, com plantio em junho e colheita em outubro de 2022.

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Mesmo sob intempéries do campo, com população de oito plantas por metro linear, infestação de tripes, mosca-branca e minadores - pragas problemáticas à cultura - e à limitação DocuSign Envelope ID: 128B25A9-3A93-4345-87E9-6E1E32F23BA5 2 de uma única adubação convencional de cobertura no estádio fenológico V2, o feijoeiro sob gotejamento subsuperficial alcançou produtividade de 3.270 kg ha-1 , superior à produtividade média de terceira época no estado de Minas Gerais, de 2.337 kg ha-1 na safra 21/22, segundo a CONAB. Ainda, quanto à qualidade dos grãos, a média de peneira 10 foi apenas 10,7%, enquanto as peneiras 11, 12 e 13 foram 32,5%, 25,2% e 26,5%, respectivamente. O alcance destes resultados expõe a eficiência do sistema de gotejamento subsuperficial em cenário com demanda hídrica da cultura atendida em grande parte via irrigação. No período do projeto, ocorreu apenas 88 mm de chuva durante o cultivo, sendo 6% desse total verificado no período de 0 a 90 dias pós-plantio.


Assim sendo, este trabalho demonstra o desempenho de tecnologia recente do mercado, com aplicação do gotejamento subsuperficial na cultura do feijoeiro, dentro da Universidade, representando a importância dos estudos promovidos na Academia em conjunto com a iniciativa privada, promovendo o aprimoramento das tecnologias e o incentivo à formação de profissionais embasados nas soluções do mercado, em especial, da agricultura irrigada.


Agradecimentos especiais à Netafim Brasil, AgroCafé e à Universidade Federal de Uberlândia pela oportunidade e incentivo à realização desta pesquisa. Em especial aos profissionais Amanda Moreno, William Damas, Prof. Dr. Eusímio Fraga, Acácio Dianin, Victor Borges e aos servidores do Campo Demonstrativo e Experimental da Universidade Federal de Uberlândia Campus Monte Carmelo pelo amparo ao longo de toda a condução deste trabalho.

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Autores: Nadia Mendes Diniz, Paulo Henrique Ferrari Lacerra, Eusímio F. Fraga.


Acadêmicos na Universidade Federal de Uberlândia Campus Monte Carmelo e Dr. em Engenharia de Sistemas Agrícolas, Professor na Universidade Federal de Uberlândia Campus Monte Carmelo.